Arte

05 animações imperdíveis de 2020, o ano pandêmico

05 animações imperdíveis de 2020, o ano pandêmico

Animação é um gênero controverso na cinefilia. Muitos adultos torcem o nariz por acharem ser “coisa de criança”, enquanto muitas crianças não assistem por acharem “muito fora da realidade”. Eu amo animações (e é claro que existem as ruins), sejam em qual estilo for, pois as mensagens estão lá e atingem àquelas pessoas que buscam enxergar além do que se vê. E 2020, o ano atacado pela pandemia da Covid-19, produziu dezenas de excelentes obras, dentre as quais destaco as cinco abaixo com pequenas pílulas de um cinéfilo de quinta nesta terça.

A CAMINHO DA LUA
Animações que erram seu público-alvo são constantes (e muitas vezes graciosas). Miram no infanto-juvenil e acertam em todos. Este longa em forma de musical da Netflix é assim, pois trata do luto e de sobre seguir em frente. Afinal, a perda faz parte da vida. Tendo como pano de fundo a mitologia chinesa, a animação é esteticamente muito bem produzida, sem a forma batida estereotipada e com personagens bem construídos. Infelizmente, o foco da narrativa se perde um pouco no decorrer do filme que, consequentemente, cansa, além de faltar profundidade no tema abordado. Mas, ainda assim, comove e diverte.

DOIS IRMÃOS: UMA JORNADA FANTÁSTICA
Falar de magia em pleno século XXI caiu como uma luva nesta divertida produção da Pixar. Ou melhor, caiu como um jogo de RPG. Amizade, reparação e superação podem parecer figurinhas repetidas nas animações recentes, mas salvam e elaboram estratégias narrativas sobre famílias, atípicas ou não. Pena que a melancolia recorrente contrasta com o visual fotorrealista, beirando a ingenuidade dos melodramas clássicos. Porém, a epifania final é arrebatadora e salva uma aventura pouco inspirada.

SHAUN, O CARNEIRO: O FILME – A FAZENDA CONTRA-ATACA
Produzida em stop motion, esta encantadora animação é um ótimo divertimento. Repleta de referências cinematográficas que são importantes no desenvolvimento narrativo, a sacada do roteiro em usar gracinhas metalinguísticas é genial. Assim como a falta de fala, que nunca se torna um problema devido à boa construção de todos os personagens. Desfrutando de todo charme das comédias britânicas, é um filme alegre que deixa a gente alegre por várias horas.

SOUL
Uma composição de jazz tem seu tom e suas escalas para, a partir de uma linha melódica, extravasar em desafios e simplicidade sem desafinar. Assim é esta (melhor) animação da Pixar do ano passado, retratando a alma com suas nuances, camadas e imprecisões. De narrativa rica e reflexiva, é uma obra marcante e bela que extravasa o amor à vida. Bebe da fonte do determinismo mas, paradoxalmente, apresenta uma cosmologia colorida e flutuante (impossível não lembrar de ‘Divertida Mente’, 2015, do mesmo diretor). Nível de arte surpreendente, emotivo, cativante e profundo, além de demonstrar um profundo respeito à história e aos grandes seres da humanidade.

WOLFWALKERS
Sob o manto do folclore irlandês, esta deliciosa e importante animação se destrincha em incontáveis camadas que exploram toda a região gaélica. Sem precisar do realismo da tridimensionalidade, as metáforas visuais são magnânimas (parábola ecológica, feminismo, preconceito religioso, colonização britânica) e apontam para o espectador resolver quem deveria ficar preso nas jaulas, o bicho-homem ou o bicho-lobo. Assim, fala-se aqui, sobretudo, de liberdade, numa narrativa de aproximações solidárias em circunstâncias opressivas. Exalando um feitiço irresistível, o filme leva um pouco de magia a este mundo de almas cansadas e rejuvenesce os nossos olhos famintos.

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