Arte

2022 vai ser melhor!

2022 vai ser melhor!

Todos queremos saber o futuro. É um impulso compreensível. O que não se pode compreender é que alguém creia sabê-lo. E menos ainda que outro alguém creia em tal “sabedoria”. Ninguém sabe o futuro. Nem Deus pode conhecê-lo: se Ele conhecesse, saberia de antemão todas as nossas decisões; e se Ele as soubesse, então não seríamos livres (pois neste caso nossas decisões estariam todas programadas e nada poderíamos fazer pra evitá-las). Aliás, se Deus conhecesse o futuro, Ele então saberia de antemão todas as Suas próprias decisões – e então nem mesmo Ele seria livre.

Se nem mesmo o Ser Onisciente sabe o futuro, imagine o astrólogo que você lê no Instagram! Se esse astrólogo arrisca “previsões”, se ele diz que você vai ter sucesso na profissão ou no amor, ele apenas está dizendo o que você quer ouvir. Ou vendendo o que você quer comprar. Ele não sabe o futuro; no máximo, sabe um certo discurso que pode ser, dependendo das circunstâncias, bastante performático.

Isso não significa que a astrologia seja inútil. Sua função não é fazer previsões, mas estabelecer relações entre nós e os astros. Estas relações são as mais antigas de nossa história. Não há nada que nos tenha acompanhado tão constante e tão regularmente quanto os astros: o céu que veremos neste ano tem as mesmas luzes que viram nossos mais remotos antepassados. Durante milênios aprendemos a estabelecer as relações entre essas luzes e nossas vidas. Esse aprendizado é a astrologia.

É verdade que, ao estabelecer tais relações, há sempre um discurso. Nenhuma astrologia existe além da linguagem. Mas quando nos concentramos nisso, sem a necessidade apelativa de fazer “previsões”, esse discurso se torna mais puro, mais cristalino, mais valioso. E terá um tal valor que permitirá, se não prever o futuro, alargar os horizontes.

Por exemplo: Lilith agora está em perfeita oposição a Marte – aquela em Gêmeos, este em Sagitário. É uma relação entre extremos: masculino e feminino, ousadia e mistério, concreto e abstrato. Ao mesmo tempo, a Lua em Áries está em quadratura com o Sol, Vênus e Mercúrio: aprendemos a reconhecer nesse arranjo astral a memória atávica de nossa coragem. Eis o que nos diz a astrologia: diante do abismo que se abre entre os extremos, a coragem de se atirar num mergulho absoluto.

Eis um bom indício do que faremos no ano que se inicia. Eis um chamado a fazer, neste ano, algo mais. Eis, enfim, uma “previsão”: diante da noite escura que nos cerca, teremos a coragem de agir, de lutar, de mudar. E então amanheceremos num mundo melhor.

Cármen Calon

Cármen Calon é astróloga com amor pela, e às vezes pânico diante da, astronomia.

Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.