E de tudo que fiz ou que não fiz
Ah, como eu queria voltar no tempo
Rasgar as mágoas em pedaços
Erguer as alegrias aos céus
E que se dane se agora chove
Tô longe de não me arrepender de nada
E perto de me arrepender de tanto
Desejando não ter feito tanta coisa
A palavra dita na hora errada
O sentimento dedicado ao outro que me consumiu e esvaziou
Os sonhos que não sabia que sonhava e deixei de agarra-los
O abraço que dei, mas queria ter repetido um milhão de vezes
Afinal, o que seria eu, sem esse emaranhado de arrependimentos?
E por fim, que honra eu teria dizendo que vivi uma vida arrependida?
Que honra sim eu teria agora?
Se ainda me arrependo de tanto
Se vivo esbugalhando olhares nos vazios que sobraram
Procurando, procurando
E nada
Só encontro essa maldição
Essa verdade seca que diz:
-Eu não fiz
Ninguém sabe
Ninguém mais quer saber
Estão cansados
Eles, a ponte da saída
Daqui, onde só digo eu
Para logo ali
Onde poderei dizer
Nós
Mesmo assim
Ah, mesmo assim
Estou aqui
Eu ainda
Sem nós
De tudo e apesar de tudo
Ainda sustento uma frágil
Secreta e íntima honra
Não sei
Mas que me acena
Lá no horizonte
Um fio de luz
A mesma luz de onde vim
De onde vim
Não me arrependo.
E o fio de luz que me acena
Ah, como ele insiste
É o mesmo que me desperta a cada dia
Frestas das cortinas
Que esqueci
Me acordando
Me lembrando
Que há muito há se fazer
Porque ontem já não fiz
E que hoje deixarei pra amanhã
Mas ainda assim nunca esqueço
Preciso pensar no que fazer
Ir fazendo
Mesmo que arrastado
Mesmo que só no pensamento
E confirmo, que nunca esqueço
Do lugar de onde vim
E disso, eu não me arrependo.
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