Arte

a linha – Wagner Rengel e Karen Tosim

a linha – Wagner Rengel e Karen Tosim

E de tudo que fiz ou que não fiz
Ah, como eu queria voltar no tempo
Rasgar as mágoas em pedaços
Erguer as alegrias aos céus
E que se dane se agora chove

Tô longe de não me arrepender de nada
E perto de me arrepender de tanto

Desejando não ter feito tanta coisa
A palavra dita na hora errada
O sentimento dedicado ao outro que me consumiu e esvaziou

Os sonhos que não sabia que sonhava e deixei de agarra-los
O abraço que dei, mas queria ter repetido um milhão de vezes

Afinal, o que seria eu, sem esse emaranhado de arrependimentos?
E por fim, que honra eu teria dizendo que vivi uma vida arrependida?

Que honra sim eu teria agora?
Se ainda me arrependo de tanto
Se vivo esbugalhando olhares nos vazios que sobraram
Procurando, procurando
E nada

Só encontro essa maldição
Essa verdade seca que diz:

-Eu não fiz

Ninguém sabe
Ninguém mais quer saber
Estão cansados

Eles, a ponte da saída
Daqui, onde só digo eu

Para logo ali
Onde poderei dizer
Nós

Mesmo assim
Ah, mesmo assim
Estou aqui
Eu ainda
Sem nós

De tudo e apesar de tudo
Ainda sustento uma frágil
Secreta e íntima honra
Não sei

Mas que me acena
Lá no horizonte
Um fio de luz

A mesma luz de onde vim
De onde vim
Não me arrependo.

E o fio de luz que me acena
Ah, como ele insiste

É o mesmo que me desperta a cada dia
Frestas das cortinas
Que esqueci
Me acordando
Me lembrando
Que há muito há se fazer

Porque ontem já não fiz
E que hoje deixarei pra amanhã
Mas ainda assim nunca esqueço

Preciso pensar no que fazer
Ir fazendo
Mesmo que arrastado
Mesmo que só no pensamento

E confirmo, que nunca esqueço
Do lugar de onde vim
E disso, eu não me arrependo.

Wagner Rengel

Wagner Rengel quis ser silêncio depois pássaro depois peixe depois vento depois grilo quis ser gente depois nada. Mora em Curitiba.

Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.