Arte

Carnaval e Resistência e Coisa e Losa

Carnaval e Resistência e Coisa e Losa
Arquivo pessoal.

É, você venceu. Hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão, não. Nem poesia. Nem carnaval. A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão: o riso contido, o amor reprimido, o samba no escuro. Há quem diga que eu não sei de nada. Mas sinto que sem carnaval você vence e a gente, quase toda a minha gente, sofre derrotada.

Então de repente, não mais que de repente, a gente se reuniu na Praia do Cascalho. Em volta do palco. Diante de uma Diva a anunciar o “carnaval da resistência”. Um jovem violonista de fina estirpe, com dois ritmistas da mais alta nobreza da Coloninha, acompanharam a grande cantora. O público em coro fez o resto.

E houve o carnaval.

Houve mais. Novas vozes. Novos cantos. Rap. Poesia intensa. Samba radical. Resistência jovem. Você não viu. Você não pode ver. Mas a gente sentiu que a vida vai em frente. E que você simplesmente não vê que ficou – pra trás.

Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Hoje, ah, hoje o samba saiu. A gente botou o bloco na rua. E era um só cordão e uma vontade de tomar a mão de cada irmão pela cidade… É, você perdeu: da unidade vai nascer a nova idade. Hoje, nesta noite ecoante da Penha, brilhou a luz da manhã que vai renascer e esbanjar poesia. Hoje é carnaval. E resistência. E esperança. E coisa e losa.

Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.