Muito se fala sobre alcance vocal e/ou perfeição melódica aliada à fonética na hora de discutir as vozes das artistas deste país. É um tal de “atingir um extremo agudo” pra cá, “cantar sem sotaque” pra lá, quando, na verdade, o som mais gostoso é aquele que lhe é mais aprazível e ponto. As comparações são covardes, por isso não as faço. Porém, impossível passar em branco quando a mais inimitável cantora brasileira faz 75 anos de arte, maravilha e encanto.
A baiana Maria Bethânia Viana Teles Veloso, em Santo Amaro, nascia em 18 de junho de 1946 sob a melodia de ‘Maria Betânia’, interpretada por Nelson Gonçalves. E, desta canção, retirava seu nome por sugestão do mano Caetano. Sonhando em ser atriz, embarcou para o Rio de Janeiro em 1963 e frequentou palcos e teatros cariocas exibindo esplendor por onde passava. Tanto que, em fevereiro de 1965, foi convidada pela própria Nara Leão para substituí-la no show ‘Opinião’, já que a musa da bossa nova precisou se afastar por problemas de saúde. E, desde então, não parou de brilhar.
Reconhecida como uma das maiores cantoras do Brasil, Maria Bethânia tem um timbre único e eloquente, conseguindo transformar qualquer canção em obra prima. De cabelos soltos e esvoaçantes, transita entre o erudito e o popular com a maior leveza possível. Assim como consegue acender uma vela para Nossa Senhora e cultuar Iansã no Terreiro do Gantois num mesmo instante. Sempre muito reservada e discreta, oferece tudo o que tem a oferecer nos palcos e com o microfone nas mãos (com razão, diz que sua vida pessoal só diz respeito a si).
Esta é a história de três quartos de um século sob a bênção de Dona Canô. Maria Bethânia não é somente um ícone musical, é algo assustadoramente talentoso, fruto de um dom bastante lapidado e exercitado. É a voz que não se acaba, é a chuva que lança areia do Saara sobre os automóveis de Roma, é o sonho nosso gostoso demais. Como homenagem a ela e a nós, a música do dia é a famigerada TOCANDO EM FRENTE, na melhor interpretação que esta canção poderia ter. E é impossível não se deliciar com esses arranjos.
TOCANDO EM FRENTE (Almir Sater/Renato Teixeira)
Ando devagar porque já tive pressa E levo esse sorriso porque já chorei demais Hoje me sinto mais forte Mais feliz, quem sabe Eu só levo a certeza de que muito pouco sei Ou nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maçãs É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha E ir tocando em frente Como um velho boiadeiro levando a boiada Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou Estrada eu vou
Todo mundo ama um dia Todo mundo chora Um dia a gente chega, no outro vai embora Cada um de nós compõe a sua história E cada ser em si carrega o dom de ser capaz E ser feliz
Esse texto do Danilo Meiras é uma verdadeira ‘Carta de amor’.
Sempre certeiro em suas palavras!
Lissandra Ruas em 18/06/2021
Voz marcante e presença inigualável.
Fábio Amaral Monte em 18/06/2021
Boa tarde, Danilo.
Sou Cláudio Pereira.
Li algumas vezes que em 1963 Bethânia morava em Salvador. Caetano, na época, já frequentava o ambiente cultural amador e torna-se amigo de Alvinho Guimarães. Este dirigiu a peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues e Bethânia foi convidada para cantar uma música de Ataulfo Alves, “Na cadência do samba”.
Em 1964, os irmãos frequentam o ambiente da UFBa; frequentam as reuniões na casa da atriz Maria Muniz (ou Moniz) e no segundo semestre um grupo amador jovem inaugura o teatro do Passeio Público baiano, com o show “Nós, por exemplo”. O sucesso deste show motivou outro: “Nova bossa velha, Velha bossa nova”. E ainda em 64 o grupo decide por apresentações solo e em dezembro Bethânia estrela “Mora na filosofia”.
Nara Leão viu um destes shows e ao deixar o elenco de “Opinião”, indicou Bethânia ao diretor.
Bethânia foi para o Rio no início de 65, estreia em 13 de fevereiro e, sucesso imediato, ocupa seu lugar entre os grandes nomes da mpb, desde então. Tinha 18 anos.
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Comentários:
Um viva à verdadeira rainha do Brasil ❤️
Esse texto do Danilo Meiras é uma verdadeira ‘Carta de amor’.
Sempre certeiro em suas palavras!
Voz marcante e presença inigualável.
Boa tarde, Danilo.
Sou Cláudio Pereira.
Li algumas vezes que em 1963 Bethânia morava em Salvador. Caetano, na época, já frequentava o ambiente cultural amador e torna-se amigo de Alvinho Guimarães. Este dirigiu a peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues e Bethânia foi convidada para cantar uma música de Ataulfo Alves, “Na cadência do samba”.
Em 1964, os irmãos frequentam o ambiente da UFBa; frequentam as reuniões na casa da atriz Maria Muniz (ou Moniz) e no segundo semestre um grupo amador jovem inaugura o teatro do Passeio Público baiano, com o show “Nós, por exemplo”. O sucesso deste show motivou outro: “Nova bossa velha, Velha bossa nova”. E ainda em 64 o grupo decide por apresentações solo e em dezembro Bethânia estrela “Mora na filosofia”.
Nara Leão viu um destes shows e ao deixar o elenco de “Opinião”, indicou Bethânia ao diretor.
Bethânia foi para o Rio no início de 65, estreia em 13 de fevereiro e, sucesso imediato, ocupa seu lugar entre os grandes nomes da mpb, desde então. Tinha 18 anos.
Minha intenção é colaborativa.