Opinião

Estaduais esvaziados ganham vida com rivalidades históricas na final

Estaduais esvaziados ganham vida com rivalidades históricas na final

Em todo início de ano o futebol brasileiro é tomado por uma mesma discussão: a importância (ou a falta dela) dos campeonatos estaduais. Nos programas de TV, entre torcedores e principalmente entre dirigentes dos clubes, o que se vê é uma desvalorização do futebol regional a cada ano. Em 2021, na contramão dessa lógica, as finais de dois estaduais prometem bons jogos justamente por um fator criado e potencializado pela proximidade entre os clubes: a rivalidade local. 

No Rio de Janeiro o Fla-Flu, em São Paulo o título fica entre São Paulo e Palmeiras e no Rio Grande do Sul o GreNal adiciona mais um capítulo à rivalidade. Isso sem falar de outros clássicos ao redor do mapa, como na final do pernambucano entre Náutico e Sport, no alagoano entre CSA e CRB e outros que ainda não definiram suas finais. As decisões tem sim   

Ao longo da história os estaduais sempre foram muito populares e importantes, tanto para os torcedores quanto para os clubes. Até por isso o campeonato era visto como o mais relevante e também aquele que ocupava mais tempo nos calendários. Essa importância passa justamente por criar e desenvolver rivalidades locais, em uma época de um futebol (e de um mundo) muito menos globalizado e até mesmo pouco “nacionalizado”. Isso por conta da bagunça de torneios que não eram de fato nacionais, mas que hoje são considerados campeonatos brasileiros pela CBF, como a Taça Brasil. 

Sem contar que, com menor acesso às televisões e viagens, o torcedor valorizava ainda mais o fato de poder assistir a vários jogos de seu time contra adversários do mesmo estádio. 

Com o passar das décadas são vários os motivos que explicam a desvalorização dos campeonatos estaduais. Entre eles o futebol organizado e praticado em nível nacional e continental, e também questões econômicas do ‘futebol negócio’. Fato é que até mesmo o campeonato paulista, o estadual com o nível mais alto no país, chegou a ser chamado de “paulistinha” por dirigentes da elite do futebol de São Paulo. 

Paulistinha ou paulistão, certamente os dois finalistas do torneio não irão entrar em campo apenas para cumprir tabela. O Palmeiras busca mais um título após altos e baixos, e o São Paulo busca o fim da fila que já dura 9 anos. A ocasião pede título, o torcedor também. Seja ele qual for. No Rio de Janeiro o lado rubro-negro vê o carioca como obrigação, pela força do time diante do adversário, enquanto os tricolores jogam pelo “título moral” de vencer um rival, mesmo que em um campeonato regionalizado. No GreNal… bem, esse teria cobrança gigante até mesmo em um amistoso.  

Gabriel Oliveira

Futebol brasileiro e mundial em textos com opinião, fatos e dados.

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